Centro Cultural FIESP

Naturalizou-se brasileiro em 1977 e construiu sua carreira no contexto de um cinema nacional que buscava novos caminhos. Babenco oferecia uma visão singular da realidade brasileira, mesclando apelo popular com inovações narrativas, sem aderir totalmente ao modelo autoral tradicional.  

O início de sua trajetória como cineasta acontece com O Rei da Noite (1975), estrelado por Paulo José e Marília Pêra. Contudo, foi o longa Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia (1976), inspirado em casos reais de corrupção policial, que projetou Babenco no cenário latino-americano, atraindo mais de 5 milhões de espectadores.  

Seu reconhecimento internacional foi consolidado com Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980), uma obra aclamada que narra a história de um menino em situação de vulnerabilidade, entre reformatórios e periferias. Apesar de seu tom duro, o filme revela aspectos humanos e poéticos de seus personagens, sendo premiado como melhor filme estrangeiro por associações de críticos de Los Angeles e Nova York.  

A partir do sucesso de Pixote, Babenco começou a trabalhar em produções internacionais, como O Beijo da Mulher Aranha (1985), filmado em São Paulo com elenco multinacional. Este filme, uma coprodução com diálogos em inglês, rendeu ao diretor uma indicação ao Oscar e ao ator William Hurt (1950) o prêmio de melhor ator tanto no Oscar quanto no Festival de Cannes.  

Em 2003, ele retorna à realidade brasileira com Carandiru, baseado no livro de Dráuzio Varella (1943). O filme retrata a superlotação e a violência no maior presídio da América Latina, culminando no massacre de 1992. Com uma abordagem mais reflexiva, Babenco combina pesquisa histórica e narrativa humanizada, recebendo o prêmio de melhor diretor no Grande Prêmio Brasileiro de Cinema. 

No Teatro Popular do Sesi, dirigiu em 2010 a emblemática peça Hell, com Bárbara Paz (1974) no elenco.

Seu último filme, Meu Amigo Hindu (2016), é uma obra autobiográfica que aborda sua luta contra um câncer linfático. Interpretado por Willem Dafoe (1955), o longa oferece uma perspectiva íntima e autoral, refletindo sobre sua própria vida e obra.